O fim das capitais

Já se perguntou o que é uma capital? Parece óbvia a resposta apontando para algo no sentido de sede. Mas… Já se perguntou exatamente o que é uma capital? Por exemplo, porque um lugar necessita de ter uma sede reconhecida em lei, se todo lugar tem uma sede, de facto ou de jure. Aliás, em vários exemplos reais, a capital de facto não é a capital de jure. E, como é de se esperar, toda vez que uma coisa “existe por existir”, a SIGMA ataca novamente!

Em todos os anos de inteligência de estado em que eu fui submetido a instrução, a primeira direção em que observamos uma realidade para entender quais leis regem sua funcionalidade é o horizonte de eventos para fim econômico, pois quase tudo que há humanos envolvidos está submetido aos seus interesses gananciosos de lucrar.

Para entender o que é uma capital, temos que rever o que é uma capitania, pois capitais são heranças coloniais análogas a relação colônia-metrópole porém num contexto regional, onde a capital submete toda uma região ao seu derredor. Logo pode-se entender como capitais gozam de privilégios especiais de usar mais dinheiro (da coletividade das cidades) para si mesmo em qualquer coisa fútil. Além disto, a capital tem uma espécie de garantia nata para qualquer grande empreendimento que também será custeado pela coletividade das cidades, causando concentração de riqueza sistemática naquela cidade.

As pessoas aparentemente normalizaram esta situação, pois em toda sua capacidade intelectual ativa, “justificam” que a capital tem que ser mais “bonita mesmo”, o que parece ser um argumento muito sólido e útil. Conseguem fazer uma porra de um argumento desse morando numa cidade onde só avenidas são asfaltadas. Espero (sem esperança alguma) que seja só a capacidade argumentativa de um brasileiro, medíocre pela própria natureza.

Porém, não conseguem lidar com questionamentos sobre se a capital estiver gastando este dinheiro e usando sua exclusividade singular para sumir com os recursos, que certamente produzirão imóveis muito bonitos e contas mais bonitas ainda em refúgios fiscais. E isto apenas para destacar alguns ralos do dinheiro público.

O maior problema seria mesmo a concentração de riqueza e desenvolvimento, onde tentando colocar tudo no mesmo lugar, acaba inibindo a interiorização da economia industrial e a difusão da densidade populacional, gerando locais como Vitória, a capital com o metro² mais caro da ainda existente — AINDA! — Senzala Federativa Do Brasil, onde tudo é mais caro que o normal. E ainda, o Estado Do Espírito Santo tem problemas estatísticos graves pela forma como são tratados e considerados os dados. Por exemplo, o estado tem status de estado industrializado mas, de facto, tem poucas indústrias multinacionais e gigantescas. Porém, como a consideração é feita pela participação delas no PIB e não na difusão econômica, o estado vive uma realidade sem futuro.

O assunto é profundo mas, como no novo modal de publicação da SIGMA fomos limitados a não mais fazer publicações gigantes.

Enfim, o ponto é que sedes governamentais estão atreladas a capital, o que é um problema, pois inibe a difusão do desenvolvimento. A exemplo, os prédios públicos daqui do estado estão em Vitória e Vila Velha, mas poderiam estar em outros lugares, também mais coerentes com suas atividades. Por exemplo, órgãos de recursos naturais e agropecuários poderiam estar no interior do estado. Não estou falando de subintendências; estou falando da sede da pasta mesmo. Mas… É claro que seguir o modelo atual gera mais cabides de empregos para filiados ao partido do governador e seus aliados de chapa.